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O ato de "ter fé" não é um processo que chega pronto. Não é um discurso que se compra, mas uma energia motora da ação. A fé nem sempre vem cingida por certeza, mas está sempre composta pelas dúvidas e pela motivação. Ela é a investigação do imponderável, sempre capaz de nos surpreender. Seria nesse sentido a expressão máxima da nossa capacidade de dialogar com o mundo. É possível avaliar as relações do Homem com o meio, seu passado e as tendencias de futuro através de sua fé. Acho inclusive que tudo pode ser possível, se essa energia confluir com o desejo e a sabedoria. Vc pode colocar fé na criação de um filho e conseguir o que deseja. Vc pode colocar fé na cura impossível, e acreditar tanto no processo, que chamará de vida todas as formas de conquista sobre a morte inevitável. Mas observe, a fé é uma faca de dois gumes que também pode servir para investigar os objetos torpes da vida. Essa mesma fé, desperdiçada em processos que são capazes de te desestruturar e te refazer, poderá te levar a estágios de (mais) dúvidas e angústias. No sentido quântico, teorizo ainda que a fé pode servir como uma mão vibratória capaz de torcer o universo feito apenas para ti. Isso só será possível se você, antes de ter fé, se permitir tomar posse de determinados pedaços de existência (esse processo é as vezes chamado de "felicidade" pelas pessoas). Em conclusão, a fé é uma ferramenta capaz de dobrar e guardar o tecido do espaço-tempo em espaços íntimos e reservados ao nosso bem estar. E quando esses espaços íntimos que nos comovem abarcam o coletivo, costumamos chamá-los de "amor".
João Pedro Roriz Escritor, professor e psicanalista.