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Orgulho e Preconceito, adaptado por João Pedro Roriz, é tema de trabalhos acadêmicos





Por Assessoria de Imprensa


O livro "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen foi publicado pela primeira vez em 1813. Tem como cenário a imponente Inglaterra do século XIX, cheia de grandes rituais e regras de etiqueta. A obra comove o leitor ao apresentar a família Bennett e o dilema do casal que precisa arranjar bons casamentos para suas cinco meninas. A pressa é justificável, considerando que Sr. Bennett já está com idade avançada e que seus bens, por lei, não poderão ser herdados por suas filhas e esposa pelo simples fato de serem mulheres. A situação se torna ainda mais conflituosa, quando a família é visitada por um sobrinho de Sr. Bennett (herdeiro provável dos bens da família) e exige casar-se com a segunda filha mais velha, srta Elizabett Bennett - que possui um olhar crítico em relação ao casamento.


Jane Austen escreveu sua obra prima aos 17 anos. Demorou até emplacar seu livro, pois as editoras inglesas da época não publicavam mulheres. Demorou até conquistar seu espaço, mas hoje é considerada a maior autora em Língua Inglesa depois de Shakespeare. Seus livros são republicados em diferentes línguas e já foram diversas vezes adaptados para o teatro, para a televisão e para o cinema. Fora a literatura agradável e de grande capacidade novelística, possui enredo documental que aproxima o leitor da dura realidade vivida pelas castas inglesas do século XIX.


Foi em 2010 que o escritor João Pedro Roriz recebeu da Editora Paulus a difícil encomenda de publicar na coleção "Encontro com os clássicos", uma adaptação de Orgulho e Preconceito para o público juvenil. O autor tomou o cuidado de esclarecer em prefácio que se tratava de uma livre tradução/adaptação que propunha encantar o jovem leitor para que, em movimento secundário, pudesse então buscar as obras originais da autora. A obra foi analisada pelo Grêmio Jane Austen do Brasil e aprovada por seus partícipes, que indicou a obra para escolas e para os amantes da autora inglesa.



A trama foi vivida por Keira Knightley e Matthew Macfadyen na adaptação mais famosa


O livro foi distribuído gratuitamente para milhares de adolescentes e jovens assistidos por instituições de assistência social parceiras do Programa Direito e Cidadania, da Editora Paulus. Está ainda a venda através do formato físico e virtual em diversas lojas do ramo. COMPRAR AQUI.


Em 2014 o livro "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, adaptado por João Pedro Roriz foi analisado pela então mestranda Ricelly Jader Bezerra da Silva, da Universidade Federal do Ceará na dissertação "A tradução da personagem Elizabeth Bennett, de Pride & Prejudice para o cinema" (LEIA AQUI). Na pesquisa, a autora conceituou como "Mecenato" o estilo utilizado por Roriz para apresentar a personagem principal do livro de Austen para os adolescentes brasileiros. A autora deflagra na página 38:


"Podemos inferir que o texto, pela forma que foi traduzido, foi adequado a um público composto por jovens que não conhecem o trabalho da autora e são leitores iniciantes, isto é, leitores que não têm contato com textos clássicos. Assim, essa tradução ou reescritura, será a responsável por apresentar a obra de Austen para tais leitores".

A autora salienta que o tradutor possui, neste caso, a obrigação de aproximar, através de novas estruturas linguísticas o texto original do público que deseja alcançar e que essa assertiva se torna necessário para fortalecer conceitos e valores. Esclarece ainda que quando o sistema linguístico original não comunica ao público vigente, resta a necessidade de colapsar essa estrutura para melhor adequá-la. A autora cita André Lefevere que demonstra, no ensaio "Tradução, reescrita e manipulação da fama literária", (Edusc, 2007:35), que esse estilo de tradução é necessário em situações onde operam grupos considerados "dominantes", como no caso das mídias e das editorações que visam a literatura de massa.


Um dos fenômenos apontados por Silva é a decisão do tradutor/adaptador em suavizar passagens formais da obra, resumir e aglutinar eventos e fundir a voz da autora (em terceira pessoa na obra original) com a voz da protagonista Elizabeth Bennett para, com isso, facilitar a leitura em primeira pessoa. Este fato também foi observado por Lauro Maia Amorim e Daniele Pecorari no artigo "O Registro (in)formal em traduções e adaptações de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen: simulação temporal e convergência ao público alvo" (LEIA AQUI), de 2022, publicado pela Revista Translatio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (ISNN 22364013). No artigo, os autores declaram na página 197:


"Um fator interessante em relação a essa edição é que várias passagens mais complexas, devido ao grau de formalidade do livro original, tornaram-se mais “leves” por conta do resumo promovido pela adaptação".

Os autores celebram o fato de haver interesse do adaptador/tradutor em divulgar a obra entre adolescentes e expor de forma clara e evidente que o texto em questão é uma adaptação com esse propósito. Outra característica exposta pelos autores, na página 197, foi a capacidade de manutenção das estruturas formais do texto original - que não foi descaracterizada pela simplificação restrita ao campo lexical proposta pelo adaptador/tradutor.


"E, por último, a adaptação da editora Paulus apresentou um texto de leitura simplificada,mas sem perder a formalidade, condensado e direcionado ao público jovem. Essa simplificação, entretanto, ficou restrita ao campo lexical, com maior adesão a formas estruturais canônicas prescritas pela norma padrão tradicional e sem envolver a adesão a estruturas linguísticas mais próximas da oralidade. O que demonstra que uma adaptação, mesmo que resumida e abertamente voltada para o público-leitor juvenil, pode manifestar uma linguagem mais conservadora, alinhada à tradição da maioria dos compêndios gramaticais. Isso parece atender, aliás, à política editorial da Paulus para essa versão, voltada para um projeto de natureza educacional (“Leitura para Cidadania, como exposto no paratexto da editora), o que poderia justificar uma visão menos flexível com relação aos usos alternativos (de cunho mais oral) que a norma culta oferece para construções linguísticas ortodoxas mantidas pela norma padrão".

Para o escritor, professor e psicanalista João Pedro Roriz, adaptdor da obra "Orgulho e Preconceito" da Editora Paulus, essas trabalhos acadêmicos sobre seu trabalho contribuem para novas produções e para o aprimoramento dos novos projetos literários,


- Há por parte da Academia uma fome por saber e uma necessidade de análise sobre o que a sociedade produz e como ela transforma o que já foi produzido. Com isso, temos uma resposta teórica ao que se processa no campo das inventividades e dos desenvolvimentos sóciais, históricos e culturais. Essa devolutiva, seja ela informal ou formal - como no caso dos trabalhos acadêmicos - oportuniza uma melhora do que entrego como artista.



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