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A GRANDE LIÇÃO DE PAULO GUSTAVO



Há quinze anos, eu ia ao Teatro Cândido Mendes assistir a um espetáculo de humor que se destacava no cenário carioca. O teatro era humilde e lá estava o humorista Paulo Gustavo, desconhecido na época pelo grande público, travestido, representando a própria mãe em um espetáculo sem patrocínio, pago com recursos próprios. A mistura do Édipo do humorista com o narciso da mãe divertia muito as pessoas. Eu vivia, na época, com o elenco da peça de teatro "Surto" (que fez muito sucesso) e lembro-me do dia em que Paulo fez participação especial pra nós. Não me lembro de rir tanto como naquele dia. Ali nascia uma estrela.


Exatamente 15 anos depois, nem um dia a mais, nem um dia a menos, Paulo é convocado pelo Alto, vítima da pandemia que assola o mundo e também por causa da falta de governo que afeta o Brasil.


Além da personagem que lhe deu fama, é sempre bom lembrar que Paulo usava o humor como protesto. A "Senhora dos Absurdos" já era um sucesso antes mesmo do fenômeno Bolsonaro lhe interromper a vida e já denunciava como algumas pessoas emergentes e autoritárias se apropriam de valores falsos para humilhar e submeter as minorias.


Foram 15 anos desde a estreia no Cândido Mendes, até sua morte. Em todos esses anos (poucos anos), Paulo viveu o presente intensamente. Nos mostrou que precisamos investir em nós mesmos e usar nossos talentos para fazer o bem (a si e ao próximo). Persistência foi a grande lição que ele me deixou.


Obrigado Paulo Gustavo. Você uniu as pessoas, nos fez pensar, nos fez rir e foi exemplo de sucesso e de cidadania.


João Pedro Roriz

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