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Crítica - 1924 - São Paulo em chamas

Atualizado: 20 de nov. de 2019


Referência histórica rápida e produtiva

João Paulo Martinho descreve o fenômeno histórico que envolveu e revolução paulistana da década de 20 com muita propruedade. Sua teorização histórica sobre este episódio curioso e triste da história nacional, ocorrida há quase um século, não apresenta documentação a cada movimento, não dialoga com fontes - salvo poucas transcrição de cartas como fontes primárias e citações de obras de História como fontes secundárias - mas é engajada e instituida de boa fé histórica baseada em recursos textuais bem justificados. O livro prende pela narrativa própria do jornalismo crônico, oportunizando ao leitor uma visao mais literária deste estudo histórico: ou seja, o livro não caminha nas searas acadêmicas com suas postulações metodológicas, mas também não cai em achismos próprios do senso comum - está baseada no discurso meritório do historiador. Evidentemente trata-se de uma obra produzida para o público leigo em História, que tem interesse no episódio seja para trabalhos academicos e escolares, seja para leitura curiosa sobre o tema. Não diminui a qualidade do material, ao contrário, torna-se mais interessante, pois conquista público heterogêneo e divulga esse momento que, por incrível que pareça, é pouco conhecido pelos brasileiros. Uma guerra civil em plena São Paulo iniciada por uma ala descontente do exército. Algo curioso para não dizer o mínimo. Pessoalmente tenho interesse pelo assunto, não apenas por ser formado em História, mas por ter um tio-avô morto no conflito. A guerra de 1924 espalhou-se para outros estados. Meu tio-avô servia em um quartel mineiro que foi sitiado por revoltosos e morreu de sede após ser ferido a bala. Os eventos contados no livro dão origem à Coluna Prestes que por dois anos peregrinou pelo Brasil convocando combatentes para as tropas revoltosas e promovendo batalhas contra o exército legalista. Sobre esse episódio há um livro muito bom escrito por Domingos Meirelles, "a noite das grandes fogueiras" que, assim como a obra de Martinho, tem uma pegada romanceada. Vale a pena a leitura

João Pedro Roriz é escritor, jornalista e professor.

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