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Entrevista - Atriz Izabel Camargo

Atualizado: 26 de nov. de 2019


O Hashtag Curti entrevistou a arte-educadora e atriz Izabel Camargo, que atua na Arte em Voga em diversos projetos artísticos e educacionais incluindo o musical "Cidade dos Contos" e as palestras dramatizadas "Bullying - não quero ir pra escola" e "Crianças que dão trabalho".

A atriz fala sobre os desafios da carreira, sua relação com a arte-educação, como conheceu o autor dos projetos, o escritor João Pedro Roriz, curiosidades sobre o trabalho realizado em todo o País e dá dicas para quem está iniciando a carreira de ator.

Hastag Curti - Como é ser atriz nos dias de hoje?

Izabel Camargo - Quando se quer muito algo,difícil sempre vai ser. Mas não é impossível. O importante é não ficar estagnado,se achando o máximo só porque sabe atuar. Ser só atriz,não basta. É preciso produzir,criar...Ter alma de aventureiro e estar pronto pra se jogar.

E é uma profissão que te cobra uma posição a todo momento. É preciso ter a cabeça no lugar,pra não se abater com a enxurrada de notícias ruins que chegam. Ao contrário do que muitos pensam,não é uma profissão mil maravilhas,onde todos tem direito a Lei Rouanet, todos tem patrocinios... muito se especula sobre a profissão do ator,dizem que somos vagabundos não é?

Todos querem falar que é fácil pra gente,mas não é! Está longe de ser perfeito,mas a gente permanece na luta,porque amamos o que fazemos. É preciso matar um leão por dia!

HC - Gosta de que tipo de trabalho: tv, cinema, teatro, arte-educação?

Izabel - Eu gosto mesmo é de atuar,independente do seguimento. Mas onde estarei em paz comigo mesma,é no teatro. Não tem jeito,sou filha dos palcos!

Trabalhos com crianças são os favoritos da atriz

HC - Como conheceu o escritor João Pedro Roriz?

Izabel - Em 2008, através de um site de divulgação de textos curtos para esquete teatral. Estava a procura de um texto curto para o festival de esquetes do curso que eu fazia e encontrei Gorrinho (da obra "Gorrinho, uma loucura crônica). Mas, pessoalmente, foi em 2012, fomos assistir "Ai Que Saudade do Lago!" , eu o reconheci e pedi pra tirar uma foto. O mundo deu voltas e em 2014 recebi o convite pra trabalhar como arte educadora na Arte em Voga.

HC - Qual é o ponto mais legal e o mais desafiador do trabalho realizado com o escritor.

Izabel - Eu adoro conhecer lugares e pessoas. Eu amo trocar energia com as crianças e adolescentes (principalmente com as crianças). É tão bom poder contribuir de alguma forma.

O mais difícil (pelo menos na Palestra sobre o Bullying) é mostrar que tem algo errado na criação deles,porque educação vem de casa. E se o agressor ta agindo de maneira errada e acha que está certo, tem algum problema aí que veio da falta de conversa em casa. É bem complicado tentar reeducar, tanto o agressor,quanto a vítima. Porque enquanto um acha que está sozinho no mundo e não vai ter ninguém pra reprimi-lo,outro também acha que está sozinho no mundo sem ninguém pra defende-lo.

HC - Qual é o diferencial dos trabalhos de arte-educação que você realiza na Arte em Voga em comparação com outras empresas?

Izabel - A arte em voga não fica só no lúdico da interpretação. Porque se ficasse só no faz de conta,as pessoas sairiam pensando "Ah,legal. Mas o que fazer no mundo real. No teatro tudo tem um final feliz". Vai além nesse ponto,fazendo palestras entre uma cena e outra, abrindo pra debate no final da atividade. Está ali pra esclarecer dúvidas.

Em "O doente imaginário" em tournée pelo País

HC - Entre toda as atividades que você faz na Arte em voga, qual você mais gosta? Por quê?

Izabel - Eu amo fazer a palestra dramatizada "Bullying,não quero ir pra escola". Adoro mostrar pra vítima e pro agressor (principalmente para os adolescentes) que eles não estão sozinhos nesse mundo. Tudo que plantamos,colhemos.

HC - Você viaja muito com os projetos da Arte em Voga. Conte uma situação ocorrente em uma dessas viagens que achou mais interessante.

Izabel - Não me recordo exatamente onde foi (acho que foi em Barreiras), as crianças nos cercaram querendo foto, autógrafos... Queriam proximidade a todo o custo,quase não conseguíamos sair. Acho curiosa essa necessidade humana, principalmente nessa fase de infância e adolescência, onde eles necessitam ter alguém pra "endeusar". Isso me faz querer mostrar sempre o melhor, pra que tirem de mim somente o mais importante. Enquanto eu puder incentivar pro bem,seguirei em paz comigo mesma.

HC - Qual é o livro do Roriz que você mais gosta? Por que?

Izabel - Gorrinho. Me faz lembrar de uma fase boa da minha adolescência. Também gosto de Céu de Um Verão Proibido,ótima leitura pra quem esta se descobrindo.

Com o ator Fernando Leão em "Selvageria"

HC - Como voce avalia a importância dos projetos de arte-educação para os jovens?

Izabel - Eu não tinha conhecimento do que era ser arte educadora. Hoje sei o quanto é importante a presença dessa forma de educar. É possível conseguir acesso a criança e ao adolescente com mais facilidade,usando uma linguagem mais próxima a deles. Sem sermões chatos. A gente acaba lidando de igual por igual. E no final,com a abertura pra perguntas,eles tiram suas dúvidas com quem entende (ou tenta entender) o problema que eles estão passando. Porque no final das contas,eles só estão tentando se entender e querem ser entendidos também. E através da arte,a gente consegue quebrar essa redoma de vidro onde resolveram se esconder.

HC - Qual é a dica que você daria para os adolescentes que querem ser atores?

Izabel - Nada nessa vida vem fácil. É importante, antes de qualquer coisa,estudar. E permanecer estudando pro resto da vida. É preciso estudar muito, pra saber pelo menos um pouco. Tem que ter foco, determinação, cabeça no lugar, tem que investir, criar, produzir, plantar bananeira... Arregaçar as mangas todas as manhãs, porque a luta pra permanecer nesse barco,é diária!

Mostre pro Universo que você é merecedor e o porquê.

Pois só o que cai do céu,é chuva.

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