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Encontro com Celso Sisto no Centro do Rio

Atualizado: 23 de nov. de 2019


De férias na minha cidade natal, o Rio de Janeiro - e com vistas para um retorno definitivo que já vem se moldando desde o começo do ano - encontro-me com Celso Sisto para um passeio cultural pelo centro da cidade.

Celso é escritor carioca, ilustrador, especialista em arte africana, literato, professor universitário e agora, contou-me, também estudante de belas-artes. O mestre Celso, como gosto de chamá-lo é autor de 84 livros, tem 56 anos e conserva o espírito brincalhão de uma criança.

Celso foi colega de palco de minha amiga Lúcia Fidalgo por anos. Lembro-me de ir ao teatro com minha mãe, aos 9 anos para prestigiá-los em uma contação de histórias lotadíssima e concorridíssma. Na contra-mão das injustiças sociais que vemos nos dias de hoje, em 1990, percebíamos alguns meninos de rua na plateia, ao lado de pequenos filhos da burguesia carioca. Esse fato denota, de modo evidente a inclinação política progressista de Celso e de sua trupe. Ao final do espetáculo, lembro-me claramente de ouvir um dos meninos de rua - agora, apelidado "meninos de Lua", - protestar: "cabou-se o que era doce".

Nos reencontramos dezesseis anos depois, como artistas cariocas exilados na bolha literária que se criou na cidade de Porto Alegre - local onde, decidimos concordar, os escritores possuem melhores condições de trabalho e de produção. Expliquei a ele meu desejo de retornar à cidade maravilhosa, e dele escutei o mesmo desejo. Contei que a mudança já foi definida, e que não tardará em acontecer, falamos sobre os planos de futuro e mercado imobiliário. Abrimos espaço para filosofias ricas e pobres, risadas, bobagens e chocolates. Sentar ao seu lado me deu uma sensação maravilhosa. Lembrei-me de Lúcia Fidalgo - a Lucinha - e de sua generosidade. Foi ela que, há 10 anos, levou meu primeiro livro à Paulus, onde Celso também possui títulos publicados. Ao todo, Celso publicou 84 obras. E o homem que tanto escreveu, que tanto formou, que tanto emocionou professoras e alegrou crianças continua pesquisando e aprendendo. Para isso, busca arte que o inspire, que o tire do sério, que o desafie. Contei a ele sobre Ana Patuzzi, a dinda da Candinha - minha esposa. É professora e agora se lança na carreira de contadora de histórias através da minha empresa de eventos. "Precisa ver como conta a história de seu livro "Chá das dez". É apaixonante!". O homem sorri. Eu conheço esse sorriso. É a felicidade de ver a obra na mão dos contadores de histórias, das professoras, e principalmente, das crianças. Estávamos na Livraria da Travessa do Centro Cultural Banco do Brasil. Após comprar alguns livros, seguimos para a exposição de Pieter Mondrian no próprio CCBB. O prometido chope no Largo do Teles ficou postergado. No caminho, havia a Casa França Brasil onde garçons servem cafés na língua de Sartre. Depois uma parada para prestigiar a bela exposição de fotos “Entre Terra”, de Ricardo Nauenberg, e “Opus CW XVI” com pinturas, de Cláudia Watkins no Museu dos Correios.

A jornada estava longe de terminar. Misturados ao calor do Rio Antigo, sentimos cada paralelepípedo arrepiar: Praça VX, Paço Imperial e Largo do Teles, onde a antiga arquitetura portuguesa se mistura com as extravagâncias da vida moderna. Comemos arroz com lentilha, tomamos o prometido chope, e a Candinha fez o registro fotográfico. Esse encontrou deu o que falar. Combinamos em trabalhar juntos. Vamos conhecer melhor as produções um do outro e perseguir objetivos conjuntos, ele na literatura infantil. Eu, na juvenil.

Daqui a dezesseis anos, ainda estaremos aqui, produzindo e admirando. E esse momento ficará eternamente escrito na fina estampa do tempo, com a caneta tinteiro dos grandes feitores do Destino.

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