Atividade cerebral parece aumentar com a leitura de textos clássicos, o que não ocorre quando uma pessoa se depara com a mesma história, mas escrita de forma coloquial
Revista Veja.com (Da Redação)
access_time16 jan 2013, 07h36 - Atualizado em 6 maio 2016, 16h23
Ciência
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William Shakespeare (Georgios Kollidas/Hemera/Getty Images/VEJA)
Ler obras clássicas da literatura, como os livros de Shakespeare, Fernando Pessoa e T. S. Eliot, estimula a atividade do cérebro de uma forma mais intensa do que a leitura de textos coloquiais. Foi o que concluiu um estudo feito na Universidade de Liverpool, na Grã-Bretanha, e divulgado pela própria instituição nesta terça-feira. A pesquisa ainda mostrou que os clássicos podem, muitas vezes, ser mais eficazes do que livros de autoajuda para auxiliar pessoas que tenham algum problema emocional.
Para chegar a esses resultados, a equipe que realizou o trabalho, coordenada por Phillip Davis, professor da Universidade de Liverpool, selecionou 30 voluntários e pediu que eles lessem o primeiro trecho de uma série de obras clássicas da literatura inglesa. Depois, os participantes foram orientados a ler a mesma história, mas reescritas em uma linguagem coloquial. Nesses dois momentos da pesquisa, os autores monitoraram a atividade cerebral dos indivíduos por meio de exames de ressonância magnética.
Alimento para a mente – Os pesquisadores observaram, então, que a atividade cerebral dos participantes “dispara” quando eles se deparam com palavras incomuns ou com uma estrutura semântica complexa. No entanto, a atividade do cérebro continua normal quando o indivíduo faz a leitura do mesmo conteúdo, mas escrito de uma forma coloquial. Segundo o estudo, esses estímulos proporcionados pelas obras clássicas se mantêm durante um tempo, podendo surtir efeitos positivos a longo prazo para a mente de uma pessoa, como a sua capacidade de concentrar-se, por exemplo.
A equipe também descobriu que a leitura de textos clássicos afeta a atividade do lado direito do cérebro, região onde são armazenadas as lembranças autobiográficas. Isso, segundo os pesquisadores, ajuda um indivíduo a refletir e a entender melhor as suas lembranças. Portanto, pode servir como uma atividade de autoajuda mais útil do que os próprios livros com essa finalidade, segundo os autores. “A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças”, diz Davis.
(Com agência EFE)