O que lhe dá prazer? Essa é uma pergunta fácil e ao mesmo tempo difícil de responder. Desde pequenos, experimentamos sensação de prazer ao satisfazer nossas necessidades básicas - comer quando estamos com fome, dormir quando estamos com sono, beber ao sentir sede, praticar esportes ao se sentir sedentário, etc.
A sexualidade é mais uma necessidade básica do ser humano, e ela se manifesta de uma forma aguda na adolescência. Para muitos, será uma nova sensação e, portanto, desconhecida. Saber lidar com essa necessidade é algo que requer tempo e, consequentemente, paciência - algo que poucos adolescentes possuem.
A maioria dos adolescentes tenta saciar o desejo sexual sem antes buscar conhecimentos sobre o próprio corpo ou entender as implicações que o sexo causa para si e para o outro. Saciar essa necessidade é difícil, ainda mais para indivíduos ainda não experimentados no assunto.
Voltamos à pergunta do início do artigo: "O que lhe dá prazer?". Responder essa pergunta na adolescência é algo arriscado. O desejo e a necessidade de satisfação estão atrelados ao prazer e a adolescência é uma fase onde os gostos e as aptidões ainda estão sendo formados. Queira ou não, a adolescência será, portanto, um período de experimentações, cujo limite será o bom senso individual e as restrições impostas pela Lei, pelos pais, pelos professores e pelas regras de convivência.
Homossexualismo se define pela relação amoros ou sexual entre pessoas do mesmo sexo. Não é crime, não é doença, não é disturbio e nem deve ser encarado como pecado. A prática do homossexualismo é simplesmente condicional ao desejo e ao interesse seuxal nato do indivíduo.
A adolescência é um período curto e necessário; a busca pelo prazer em diversos níveis e baseada em diferentes temas levam o adolescente ao amadurecimento. E não existe regra pré-definida para alcançar esse fim. Para alguns indivíduos esse amadurecimento virá de uma forma óbvia; para outros, através de caminhos mais complexos. É portanto absurdo pensar que certos pensamentos ou condutas homossexuais possam ser definitivas - principalmente no caso dos adolescentes, que ainda estão conhecendo seu próprio corpo e que atravessam um período de adaptações hormonais severas. Os padrões sexuais dos seres humanos mudam de acordo com o tempo. Portanto, nenhum adolescente deve ser taxado por conta de suas experiências e/ou sentimentos a respeito de sua sexualidade, Esses sentimentos são muito íntimos e as escolhas a respeito da própria sexualidade é um direito pessoa que não pode ser regulado pela família, pela comunidade do indivíduo, religião ou sociedade.
Um estudo da Ciência e Saúde Coletiva divulgou recentemente estudos de um grupo de estudantes de medicina da UERJ sobre sexualidade na adolescência. Num grupo de 64 rapazes, 13 háviam tido uma experiência homoafetiva. Representa 20% do grupo. Mas desse grupo em especial, apenas 5 rapazes se consideravam homossexuais de fato. A pesquisa prova que existem variantes que influenciam a prática homoafetiva na adolescência. Pode ocorrer pelo simples busca pelo prazer, por aptidão/gosto/necessidade sexual, pela falta de contato com o sexo oposto, timidez com o sexo oposto, falta de oportunidade ou de experiência com a necessidade sexual e até mesmo experimentação, necessidade de se impor, de testar os próprios limites, testar os limites das autoridades paternas ou de se destacar em determinado meio social. A pesquisa também encontrou uma associação significativa entre homossexualidade dos adolescentes e a prostituição causada principalmente por vulnerabilidade social.
Alguns adolescentes buscam o "experimentalismo sexual" como uma forma de diversão ou até mesmo para sair da rotina e vencer o tédio ou um episódio de depressão - que se manifesta pela falta de prazer. Existem os casos onde práticas homossexuais será resultado de traumas com o sexo oposto - é o caso de pessoas que sofreram abuso sexual dentro do lar.
Até o ego pode levar ao pensamento e à conduta homossexual. Na mitologia grega, o caçador Narciso é tão auto-referenciado que se apaixona pela própria imagem refletida em um rio. Decidido a suprir os seus desejos, Narciso se atira nas águas e se afoga - uma bela simbologia que deu aos psicanalistas ferramentas para discutir a questão do individualismo exacerbado e suas consequências. O adolescente auto-referenciado e narcisista poderá buscar no próprio corpo a sua fonte de prazer e assim, desenvolver um pensamento ou conduta homossexual baseada no desejo que sente por indivíduos do mesmo sexo que tenham corpos, hábitos ou pensamentos com os quais ele se indentifica. Esta é apenas mais uma das inúmeras possibilidades. Entre as outras milhares de alternativas está a admiração determinado indicíduo que pode ser facilmente confundido com pensamentos homossexuais.
O ideal é que pais e professores dêem o apoio irrestrito ao jovem com aconselhamentos e com as regras tão necessárias para que não percam o foco diante de todas as possibilidades que existem no mundo. E que foco seria esse? Sua própria identidade - isto é, o direito de ser, pensar e agir de forma lúcida e de acordo com a vontade própria.
João Pedro Roriz é escritor, jornalista e arte-educador. www.joaopedrororiz.com.br.